Sondagem da FGV e ABDI aponta fatores para aumentar a competitividade da indústria
Pesquisa foi realizada com 300 indústrias que contam com mais de 250 funcionários
Fornecer
“serviços de alta qualidade” é o principal fator de competitividade para a
maioria das empresas entrevistadas pela mais recente sondagem realizada pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (ABDI). Este item apresentou uma média de 4,5 pontos, em uma escala
em que zero representa sem importância e cinco muita importância. “Com uma
necessidade cada vez maior de oferecer um serviço de qualidade e com os custos
mais baixos, como apontado na pesquisa, é possível perceber um movimento da
indústria na busca da digitalização dos procedimentos, o que na nossa visão
seria essencial para aumentar a competitividade”, explica Guto Ferreira,
presidente da ABDI.
Na sequência, os
empreendedores apontaram que “oferecer serviços de baixo custo e com
qualidade”, é o segundo fator em relevância para a empresa ter bom desempenho
no mercado, com 4,4 pontos, seguido por “velocidade de entrega” e por
“confiabilidade”, ambos com 4,3, e “flexibilidade” com 4,1.
Os empresários
apontam ainda que, os principais fatores para alcançar estes elevados graus de
competitividade são: “especialização em produtos e/ou segmentos de mercado”
58,7%; “definição de política de preços e posicionamento de custos” 54,7%;
“aumento da qualidade do produto e liderança tecnológica” 53,7%; e “aumento do
relacionamento com o cliente” 50%. O presidente da ABDI também comentou sobre
como esse investimento pode ser benéfico. “O desenvolvimento da pesquisa e a
imersão da tecnologia nos negócios é fundamental para o desenvolvimento da
indústria 4.0 no Brasil. A partir disso é possível encontrar várias soluções
para resolver problemas que seriam entraves à nossa indústria anteriormente”,
disse.
Dentre as
empresas pesquisadas, 59,5% possuem departamento de P&D, com índices
maiores nas regiões Sudeste (66,7%) e Sul (64,6%). No Centro-Oeste/Norte e
Nordeste esses percentuais são de 33,3% e de 32,4%,
respectivamente.
Investimento em inovação
A Sondagem de
Inovação mostra que o indicador subiu 7,9 pontos, quando passou de 104,6 para
112,5 pontos em relação ao período anterior. Este é o maior valor desde o
último trimestre de 2011.
O dado é obtido pela diferença entre a proporção de empresas que
afirmaram ter aumentado os gastos em inovação e aquelas que mantiveram ou
diminuíram, acrescido de 100. Quando o indicador, que varia em uma escala de 0
a 200, se mantém abaixo dos 100 pontos, significa que um maior número de
empresas diminuiu ou não realizou investimentos em inovação no período
pesquisado.
O percentual de empresas que aumentaram os gastos com inovação
subiu de 21,4% para 22,8%, enquanto a porcentagem de empresas que diminuiu os
recursos no setor foi de 6,1% para 3,7%, no mesmo período. Outros 66,9%
mantiveram os gastos com inovação no 4º trimestre de 2018, a segunda maior
proporção da série, atrás apenas do 4º trimestre de 2017 (70,8%).
O coordenador de Planejamento e Inteligência da ABDI, Rogério
Araújo, destaca que a Sondagem mostra uma relativa estabilidade do setor no 4º
trimestre de 2018. “Os empresários estão cautelosos em inovar no momento. A
inovação em produtos ou processos continua em níveis baixos, mas o indicador de
Gastos com Inovação voltou a avançar, se mantendo acima da média histórica.
Considerando o ritmo lento de crescimento para este ano, as perspectivas de
inovação para os próximos trimestres devem ser avaliadas com cautela”, avalia.
Produtos e processos
A Sondagem da ABDI revelou dificuldade das empresas industriais na
inovação de produtos, mas uma recuperação nos processos. Houve queda de 1,7
ponto percentual (p.p.) na proporção de empresas que inovaram com produtos
novos, mas já existentes no mercado nacional, atingindo 31,5% das empresas
entrevistadas no 4º trimestre de 2018. A inovação em produtos novos, mas ainda
não existentes no mercado subiu de 12,4% para 13,8% do total de empresas entre
o 3º e 4º trimestres de 2018.
Em relação aos processos novos ou substancialmente aperfeiçoados
para a empresa, mas já existentes no mercado nacional houve alta de 3,5 pontos
em relação ao trimestre anterior. Já a inovação de processos novos para o
mercado caiu de 10,3% para 8,2% no período.
Os resultados menos favoráveis devem ser vistos no contexto de
queda da produção industrial (-1,3%, segundo dados da PIMPF do IBGE) e de baixa
variação do PIB, em apenas 0,1%, como explica Rogério Araújo. “Os números
revelam perda do dinamismo no setor em 2018. Vários fatores contribuíram para
isso, entre eles, a greve dos caminhoneiros, o cenário externo turbulento, e a
elevada incerteza gerada pelo período eleitoral”.
O período de coleta da Sondagem de Inovação é trimestral e ocorre
nos dois primeiros meses subsequentes ao trimestre de referência da pesquisa.
Para a edição do 4º trimestre de 2018, foram aplicados 304 questionários entre
03 de janeiro e 14 de março, em empresas industriais com 250 ou mais
funcionários. “A pesquisa apresentou resultados muito importantes para entender
melhor o cenário da indústria brasileira. Mesmo com a diminuição da produtividade
as empresas estão vendo a inovação como uma alternativa para retomar o rumo do
crescimento”, ressaltou Guto Ferreira.